quinta-feira, 10 de julho de 2014

Desconhecido

          Não sei nem quem é esse cara aí. Não sei. Não olhei. Ele só chegou me roubando a felicidade. Levou tudo o que eu tinha. Me deixou assim com as mãos ao vento acenando a algo que nunca existiu. Esse cara aí sumiu de vista assim que as coisas complicaram. E pisou uma rosa em seu caminho. Quem pisa uma rosa que ta no caminho? Nós a colhemos e oferecemos pra alguém. Mas ele não me ofereceu. E ninguém ofereceu. E aquela rosa ficou ali, pisada, humilhada, sem esperanças.
          No outro dia, quando eu acordei, não havia mais ninguém ali. Só um pouco de poeira no chão, próximo à porta. E a esperança de que ele voltaria. Mas por que eu quereria que ele voltasse? É como se você se apegasse àquilo que te faz mal. E aquilo me fez mal. Eu não o conheço. Eu nunca o conheci. Pode ser que eu tenha achado que sim. Pode ser que ele tenha me enganado o suficiente para eu acreditar que ele existia, que ele era assim, que ele faria o que fosse.
          Como eu me levantaria da cama? O que me sustentava de pé, a chama daquilo que ardia em meu peito sem queimar, deixou de existir, se apagou, e aquela fumaça preta de algo queimado voou, porque não queimava antes, mas quando deixou de ser suportada passou a queimar. Não queimou muito. Não precisa se preocupar. Eu só fiquei ali, como aquela rosa que ele pisou. Aquela rosa. Você ainda lembra da rosa? Você ainda lembra do que você deixou pra trás?
          Na verdade, na verdade mesmo, você me fez um bem. Você se foi e me fez ver que eu nunca te vi. Talvez seja por isso que eu não saiba quem você é. Eu te vi, te imaginei, e tornei aquilo verdade. O que acontece agora é que eu descubro que nem do seu rosto eu lembro mais. Você levou minhas memórias? Você destruiu como àquela rosa que estava no meio do caminho? O que aconteceu? Eu não te amei o suficiente?
          Eu me levantei da cama. Eu estou de pé. Sabe por qual motivo? Porque eu percebi, eu enxerguei, descobri, chame do que quiser, que você não tem o poder de levar minhas memórias, eu que nunca as tive mesmo. Elas nunca existiram. E, não, você não vai pisar sobre mim, me destruir. Eu não sou uma rosa que estava no meio do seu caminho. Mas você era o cara desconhecido que achou que pisou nela. Você não sabe? Eu a guardo em um vaso. Agora aqui tem um jardim. Ela não morreu. Ela deu vida. Porque é assim que acontece: Você tenta me destroçar, e, assim como uma rosa pisada que não morreu mas deu vida em um jarro, eu me ergo e multiplico o que há de bom. Talvez um diz eu saiba quem você era. Ou quem você é.

2 comentários:

  1. Oi Rafael, passei aqui para agradecer sua visita ao meu blog e por estar seguindo. Estou seguindo o seu também =D. Depois voltarei para conferir a TAG. Beijos

    blogfalandodelivros.blogspot.com.br

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  2. É... Um texto "levemente" subjetivo... Acho, não sei, que tem um pouco a mais de você nele... Não tenho muito a comentar, posso falar besteira... Ignore esse comentário confuso... O que importa é que eu gostei...
    Sério, ignore, não estou muito bem hoje. :D

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