quinta-feira, 26 de junho de 2014

Ouvir o silêncio...

          Quando as palavras não expressam aquele sentimento, e a dor é maior que tudo. Quando a alegria por alguém que voltou, por aquilo que foi realizado, pelo medo que deixamos de sentir, é apenas sentida e a explicação daquilo passa longe da nossa mente. Quando não sabemos o que fazer, o que dizer e nem como dizer. Quando não conseguimos escrever, não conseguimos colocar na finitude da palavra o que aquilo significa. É aí que a voz se cala, a mente dá espaço pro coração sentir e nós escutamos o silêncio.
          Escutar o silêncio nada mais é que deixar sentir na pele, fluir como um rio, todos os nossos pensamentos e assim prestar atenção em nós e naquilo que, por vezes, não escutamos por termos uma mente cheia de coisas desnecessárias. Sabe quando um computador está muito lento? Ele geralmente está muito pesado e não consegue rodar os programas na mesma velocidade que antes. Geralmente, se faz uma limpeza de disco. Retiramos dele tudo aquilo que não precisamos mais, tudo o que está ocupando um espaço que poderia ser de algo mais útil. E com os Seres Humanos, nós, não é muito diferente não.
          O silêncio vem como uma forma de escutar aquilo que dentro da gente está em excesso e aquilo que está em falta. E é através disso que descobrimos tantas coisas. Muitas delas estavam tão necessitadas do nosso olhar, tão à nossa frente também e mesmo assim não enxergávamos pelas coisas que tapam nossa visão. É preciso que paremos nossos afazeres e olhemos para dentro de nós mesmo para dar atenção àquilo que deve ser mudado, digerido, ressuscitado. E olhamos para o silêncio e ele olha de volta para nós, damos atenção a ele e em troca percebemos tudo.
          Após perceber tudo, chegou a hora de falar com o silêncio. Assim, em silêncio mesmo. Entrar em acordo com ele. Tomar atitudes que são necessárias, e que, após esse espaço de reflexão, percebemos que estão nos travando. E deste jeito fazemos a limpeza do nosso computador cerebral. Aquilo que passou e que não foi bom não importa mais. Aquilo que podemos consertar, consertaremos. Aquilo que que foi bom permanecerá conosco.
          Vamos dar mais atenção àquilo que está necessitando dela e nós não enxergamos. Vamos parar um pouco e reabastecer o tanque, limpar o que precisa ser limpo. E não precisamos expressar o silêncio em palavras após isso tudo. Só precisamos sentir com todas as cores, com todas estações, e, através de um sorriso, de um comportamento mudado, de um dar de mãos com o outro, possamos ver que o descansar faz parte do processo do fazer bem feito.
"O silêncio é um amigo que nunca trai." - Confúcio (Kung-Fu-Tse)

2 comentários:

  1. Você já escreve maravilhosamente bem, mais um pouco de prática e incentivo nosso e seus textos serão mais perfeitos ainda (um elogio meio contraditório, porem sincero)... ;)

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